O entendimento sobre as
manifestações de junho em nosso País continuam instigando-nos
sobre a sua significação. Quais foram às causas que levaram à
mobilização? Qual o perfil dos manifestantes que foram às ruas?
Qual a natureza ideológica e ou programática das pautas existentes
nas manifestações? As manifestações levarão a um avanço ou a um
retrocesso em nossa incipiente democracia? Analisar essas questões
pode apontar um caminho.
1º) Ante as práticas
da maioria de nossa classe política,e a campanha sistemática dos
grandes meios de comunicações em “denegrir a imagem da política
e dos políticos”, igualando-os, como se fossem “farinha do mesmo
saco”, é natural que as manifestações de junho tivesse como
ponto central a rejeição aos políticos e a negação da política.
Quem está no governo, foi o alvo principal dos manifestantes.
2º) Ao analisar a
média de idade dos manifestantes, poderíamos afirmar que se tratou
na maioria de jovens de 20 a 25 anos. Em 2003, quando assumiu o
governo do PT, eles tinham de 10 a 15 anos, portanto, não conheceram
uma realidade de inflação, juros, dólar e desemprego altos,
estagnação econômica, baixos investimentos sociais, ausência de
política para a juventude, etc. O bordão das manifestações “o
gigante acordou”, além de pretensioso não corresponde à
realidade das lutas democráticas desse país nas últimas décadas.
O “gigante” (povo) já está nas ruas há muito tempo: na luta
contra a ditadura, na luta pelas “Diretas”, na luta pela
“constituinte de 88”, no impechament do Collor, na luta pela
Reforma Agrária, na Luta pela jornada de 40 horas semanais, dentre
outras. Se alguém ‘acordou’, não foi às gerações passadas,
foram às novas gerações. Temos, portanto, um problema geracional
de entendimento sobre o Brasil Atual e o Brasil do passado pós
ditadura militar.
3º) Na pauta das
reivindicações da “manifestações de junho”, não vimos
cartazes com “Mais Emprego”, “Mais Habitação”, “Abaixo a
Inflação”, “Universidade para Todos”, o que vimos foi uma
multiplicidade de reivindicações: “Mais Saúde”, Mais
Educação”, “Transporte Gratuito”, “Menos Corrupção”,
“Abaixo a Rede Globo”, dentre outras.
Em que pese os avanços
alcançados na última década, (menor índice de desemprego, 40
milhões de pessoas saíram da pobreza, acesso dos jovens à
Universidade, dentre outros), os manifestantes querem mais. É bom
que isso tenha ocorrido.
4º) Ante a
inexistência de uma oposição partidária com um programa
alternativo viável, Os grandes meios de comunicação (a verdadeira
oposição existente no Brasil), que num primeiro momento ficara
contra os manifestantes, taxando-os de “baderneiros”, vislumbrou
a possibilidade de manipular as “manifestações de junho” contra
o governo federal, divulgando cenas que mostravam uma rejeição ao
PT e ao governo Dilma, quando na verdade a rejeição era contra a
política e os políticos em geral, inclusive com forte rejeição à
própria Globo. Nesse primeiro momento, a mídia e seus interesses
conservadores ganharam a disputa da comunicação. Entretanto, não
significa que continuarão ganhando, até porque, passado o impacto e
a letargia inicial, tanto o governo federal como as forças
progressistas entraram em campo para também “jogar o jogo”, na
disputa pelos rumos das “manifestações de junho”.
Em minha opinião, “as
manifestações de junho” ajudaram a “chacoalhar” o PT e o
governo federal, destravando algumas pautas paralisadas em razão de
nossa “governabilidade conservadora”. A disputa está apenas
começando.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJá fizemos e continuamos a fazer História, nunca estivemos adormecidos porque Democracia se faz com o povo na rua exigindo cobrando, e é lá que sempre estivemos.É um grande equivoco achar que a luta começou agora, estamos nas ruas....Ocupando...Resistindo há muito tempo....
ResponderExcluire é muito bom ver os movimentos acontecendo mesmo que de maneira meio as avessas (Pois não existe democracia sem partidos Políticos, temos que chama-los para discussão não proibi-los)... Precisamos com urgência aumentarmos o grau de politização...pois assim teremos mais gosto em discuti-la e mais amplitude também.
Vereador Beto excelente texto