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Ano 3 - nº 331 - 11 de novembro de 2015
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Retomada do crescimento econômico volta ao centro de
debate público: Após
quase um ano em que o debate público girou em torno dos termos
“ajuste” e “crise”, aparentemente, a discussão acerca da
retomada do crescimento da economia retoma o centro das
preocupações nacionais. A simples noção de que uma vez feito o
“ajuste” a economia se recuperaria naturalmente parece não mais
convencer a maior parte dos agentes econômicos, que apesar de
enxergarem na situação fiscal um foco de preocupação, não hesitam
em apontar a necessidade de medidas de retomada do crescimento que
viabilizem o próprio ajuste fiscal. Neste sentido, tem surgido com
força o discurso sobre a necessidade de ampliação do crédito para
empresas e consumidores, de forma a dinamizar novamente a economia,
assim como a discussão acerca da importância da retomada dos
investimentos em infraestrutura, travados tanto pelo ajuste fiscal,
quanto pela situação das empreiteiras nacionais e da Petrobras.
Neste quadro, o próprio mercado sinaliza positivamente a uma
mudança na orientação da política econômica, ao reagir a boatos de
alteração na condução do Ministério da Fazenda. Independentemente
da discussão de nomes, parece claro que a estratégia para retomada
do crescimento é o coração do debate, sem o qual qualquer outro
“ajuste” se provará inviável.
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Comentário: Dois discursos, majoritários até o
momento, precisam ser desconstruídos caso queiramos retomar o
debate sobre o crescimento econômico. O primeiro é o de que o
“ajuste fiscal” precede a retomada do crescimento, criando a
ilusão de que a única variável que importa para o país retrilhar
o caminho do desenvolvimento é a redução dos gastos públicos, em
particular aqueles ligados à seguridade social. No debate
internacional, esta hipótese foi desconstruída por diversos
pesquisadores, inclusive economistas ortodoxos como Olivier
Blanchard e, mais recentemente, Larry Summers. Ao estudarem o
processo de ajustamento fiscal de diversas nações, descobriram
que as “rápidas consolidações fiscais” tiveram impacto negativo
sobre o crescimento destes países no curto e no longo prazos. Ao
afetar o crescimento, pioraram também a situação fiscal destes
países, colocando-os em um ciclo sem fim de ajustamento recessivo.
O segundo argumento a ser desconstruído é
o de que o Brasil não praticou nenhum ajuste. Para ser
verdadeiro, este discurso precisa desconsiderar não apenas o
enorme esforço fiscal do governo (que cortou mais de 2% dos
gastos reais), mas também o fato de que alguns dos principais
preços macroeconômicos no Brasil passaram por um profundo
ajustamento. Em primeiro lugar, a taxa de câmbio se desvalorizou
e tem realizado o ajustamento do setor externo, reduzindo as importações
e criando um cenário benéfico para os exportadores. Em segundo
lugar, as tarifas públicas foram recompostas, reequilibrando
financeiramente vários setores e “desrepresando” vários preços
que se encontravam desalinhados, reduzindo também o custo fiscal
deste processo. Por fim, observou-se o “ajustamento” da política
monetária, que reagiu à desvalorização cambial e ao aumento de
alíquotas e atualmente coloca o Brasil próximo da liderança entre
os países com maior taxa real de juros no mundo.
Os ajustes ocorreram, mesmo que de forma
desorganizada e com impactos negativos sobre o crescimento e a
inflação. O momento agora é de superar este debate, finalizar
algumas questões do ajuste fiscal (como a aprovação da
repatriação de recursos e da CPMF) e iniciar uma nova agenda de
crescimento, que envolva tanto a retomada dos investimentos
públicos/privados, quanto a retomada do crédito para pequenas e
médias empresas, viabilizando sua sobrevivência até o momento em
que a demanda reagir aos investimentos planejados. A combinação
de estabilização do atual patamar de juros e câmbio real, que
garantirá maior previsibilidade para os investidores, com
retomada dos investimentos e do crédito, parece ser ideal para
viabilizar a almejada volta do crescimento no Brasil. Uma vez
retomado o crescimento, o ajuste fiscal será viabilizado pela
recomposição da arrecadação pública.
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AGENDA DO
DIA
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EVENTO
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ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
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Produção
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3h30
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Escritório
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* As opiniões aqui expressas são de inteira
responsabilidade de seu autor, não representando a visão da FPA ou
de seus dirigentes.
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