Cepal: igualdade de gênero é um fim e um meio para alcançar o desenvolvimento
Relatório
recentemente lançado pela Comissão Econômica para a América Latina e o
Caribe (Cepal) afirma que a igualdade de gênero é um fim e um meio para
alcançar o desenvolvimento e a consolidação de sociedades mais justas e
democráticas, mas apesar dos avanços, a desigualdade de gênero continua
sendo uma marca da desigualdade social na região.
A
desigualdade de gênero se baseia na divisão sexual do trabalho, que
relega às mulheres a responsabilidade de manutenção do lar e cuidado dos
filhos/dependentes, limitando seu tempo e oportunidades para participar
no trabalho remunerado e ter autonomia econômica.
O
relatório relaciona o trabalho doméstico não remunerado à pobreza, na
medida que impede a mulher de atingir a autonomia econômica, o que
também está relacionado, segundo o relatório, à violência de gênero. Já
as mulheres que combinam o trabalho doméstico não remunerado e o
trabalho remunerado no mercado, enfrentam uma alta jornada de trabalho.
Os dados mostram ainda que tal questão não afeta somente mulheres
adultas, mas afeta as mulheres desde a infância. Além disso, muitas
idosas nunca se “aposentam” destas responsabilidades e, na velhice, ao
invés de ser objeto de cuidado, passam a ser cuidadoras de outros
dependentes, como netos, cônjuges ou outros idosos. O gráfico abaixo
traz informações sobre a partilha desigual do trabalho doméstico entre
os membros do lar em três países da região.
América
Latina: distribuição de horas semanais dedicadas a trabalho doméstico e
de cuidado, segundo sexo e posição de parentesco no lar, por volta de
2010 (em %)
Fonte:
Comissón Economica para América Latina Y el Caribe (CEPAL), sobre la
base de tabulaciones especiales de las encuestas sobre el uso del tiempo
del Ecuador (2011), México (2009) y el Perú (2010)
Outro
dado importante para caracterizar a desigualdade de gênero é a falta de
autonomia econômica: na região, as mulheres são 51% da população total,
mas correspondem a 38% da renda monetária total gerada. O relatório
mostra que, com variações entre os países, em 2011, 32% da população
feminina não estudante com 15 anos ou mais não tinham renda própria,
contrastando com 12% da população masculina desta mesma faixa etária e
condição.
América Latina (17 países): mulheres não estudantes de 15 anos ou mais sem renda própria, por volta de 2002 e 2011 (em %)
Fonte:
Comissón Economica para América Latina Y el Caribe (CEPAL), Pactos para
la igualdad: hacia un futuro sostenible (LC/G.2586(SES.35/3)), Santiago
, 2014. * Personas de 15 años y más que no estudian ni perciben
ingresos proprios.
Segundo
o relatório, a falta de autonomia econômica está diretamente ligada ao
trabalho doméstico não remunerado exercido pelas mulheres e melhorou nos
últimos anos pela inserção das mulheres no mercado de trabalho e pelos
programas de transferência de renda, com foco principalmente nas
mulheres.
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