Ajuste
fracassa e resultado fiscal deve piorar em 2015: O
ajuste fiscal promovido pelo governo federal desde o início do ano deve
aprofundar o déficit primário em 2015, segundo cálculos preliminares da Receita
Federal. A queda expressiva de arrecadação superou a economia realizada com o
corte de despesas e o aumento de receitas, fazendo com que o déficit de R$ 20,5
bilhões registrado pelo governo central em 2014 seja possivelmente superado em
2015. Informações preliminares apontam para uma queda grande de arrecadação em
agosto, após a confirmação de retração real (ou seja, já descontada a inflação)
de 4,7% nas receitas públicas no mês de julho. Parte da queda da receita será
decorrente do Programa de Recuperação Fiscal (Refis), que engordou as contas
públicas em agosto de 2014 e não ocorrerá em 2015. A outra parte decorre da
queda do nível de atividade e do adiamento de pagamento dos tributos por parte
das empresas. Esse movimento de retração da arrecadação está influenciando
também as estimativas do resultado fiscal de 2016, que deve ser recalculado com
a crescente expectativa de retração econômica e queda das receitas esperadas
para o próximo ano. Espera-se queda de R$ 5,5 bilhões na arrecadação total da
União em 2016, dado que pode ser elevado caso o atual ritmo declinante da
arrecadação prossiga.
Comentário:
A
justificativa para a adoção de um ajuste fiscal era a de que este seria a melhor
forma de recuperar a capacidade de financiamento do setor público, evitando
assim o rebaixamento na nota soberana do Brasil. Nove meses após seu início, o
ajuste não apenas piorou a situação fiscal brasileira, como acelerou o
rebaixamento da nota do país, além de trazer consigo um aprofundamento da
recessão, aumento da inflação e do desemprego. O argumento de que o fracasso no
ajuste se deve ao seu tamanho “diminuto” ou à sua composição inadequada,
supostamente baseada em crescimento das receitas, não encontra sustentação nos
dados. O esforço fiscal do governo brasileiro em 2015 já alcançou 2,3% do PIB
(algo próximo a R$ 134 bilhões), com 80% do ajuste sendo concentrado em redução
dos gastos e investimentos públicos e apenas 20% em aumento de receitas. O
tamanho expressivo do ajuste e a composição baseada em cortes de gastos era
exatamente o pedido dos economistas liberais, que agora justificam o fracasso
total de sua estratégia com o argumento de que o problema fiscal é estrutural,
clamando pela privatização dos serviços públicos e pelo desmonte da previdência
social, em particular os benefícios da assistência social. A presidenta Dilma
Rousseff já deixou claro que não deve ceder aos clamores privatistas, reforçando
a estratégia de ajustamento sem retirar direitos e evitando a paralisação dos
investimentos prioritários do governo. Esta decisão, apesar de preservar os
direitos trabalhistas e sociais, não é suficiente para reanimar a economia
nacional, pois prossegue na lógica recessiva que marcou este inicio de governo,
numa aposta frustrada de que a superação das dificuldades econômicas advirá de
um ajustamento fiscal que reduza o tamanho do Estado. Apenas a adoção de uma
nova estratégia de desenvolvimento econômico, bem articulada politicamente e
comunicada com clareza para a sociedade, será capaz de reverter o processo
recessivo em que o país se encontra
atualmente.
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