quarta-feira, 2 de março de 2016

BOLETIM DE CONJUNTURA - FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO

Ano 4 - nº 358 - 2 de março de 2016


ECONOMIA NACIONAL
Setor externo segue melhorando e balança comercial tem superávit de US$ 3 bilhões em fevereiro: Os resultados positivos da balança comercial e do setor externo da economia brasileira seguem superando as expectativas. No mês de fevereiro, o país registrou superávit comercial de US$ 3 bilhões, acima das expectativas do mercado (US$ 2 bilhões) e o resultado mais expressivo para o mês desde o início da série, em 1989. Parte importante deste resultado se deveu à queda expressiva das importações, que recuaram 34,6% na comparação com o mesmo período de 2015, sendo uma queda de 26,9% no volume importado e 10,6% nos preços dos produtos. Já do ponto de vista das exportações, o resultado foi bastante positivo, com crescimento de 4,6% na comparação com o mesmo mês de 2015, primeiro resultado positivo após 17 meses de retração. O crescimento das exportações de manufaturados (7,9%) e semimanufaturados (14%) também chamou a atenção dos especialistas e levou algumas consultorias a reestimarem a expectativa de superávit comercial do ano para algo próximo de US$ 40 bilhões.
Comentário: Após alguns anos de desvalorização cambial, uma taxa de câmbio mais competitiva e razoavelmente estável (próxima ao patamar de R$ 4,00/US$) parece estar fazendo efeito nas exportações brasileiras. Obviamente, o fator que mais contribuiu até o momento para a melhoria dos resultados externos foi a recessão, que reduzia a demanda por importações (em particular combustíveis, que tiveram redução de 54,6%) e liberou parte da produção nacional para ser vendida nos mercados externos. Porém, o aumento do peso dos produtos manufaturados na pauta exportadora é uma boa notícia, que pode refletir não apenas a mudança de preços relativos (com commodities recuando mais rapidamente que os preços dos produtos industrializados), mas também o início de uma mudança na estrutura produtiva nacional, com o aumento da competitividade dos produtos manufaturados locais. Obviamente, esta tendência só será concretizada caso o Brasil mantenha uma taxa real de câmbio no patamar atual, além de depender das mudanças do cenário externo, onde a evolução da crise internacional tem um peso considerável nas expectativas. A melhoria das exportações de automóveis (crescimento de 85% na comparação com 2015) para a Argentina e o México também contribui decisivamente com os resultados atuais, mas o aumento das exportações de manufaturados se deu em uma gama ampla de produtos, o que demonstra que a competitividade da indústria nacional melhorou com a desvalorização cambial.

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