Temer está
entre os presidentes mais impopulares aos dois meses de mandato
No último final de semana, 16/7, o Datafolha
divulgou sua primeira pesquisa de avaliação do governo interino.
Temer está entre os presidentes com menores taxas de
aprovação aos dois meses de governo, da série histórica medida
desde 1987. Quando Collor assumiu, em março de 1990, sua avaliação
positiva era de 71%, segundo o Datafolha, e, dois meses depois, o
Ibope registrava 17% de aprovação, cinco pontos acima do resultado
obtido agora, com o mesmo tempo de mandato, pelo governo interino.
Com dois meses de mandato, em fevereiro de 1992, o governo Itamar
obtinha 36% de avaliação positiva, segundo o Datafolha. Já o
primeiro governo de Fernando Henrique, há dois meses, em março de
1995, gozava de avaliação positiva de 39%, segundo o Datafolha, e
41%, segundo o Ibope. E, depois de dois meses do 2o mandato, em
fevereiro de 1999, obtinha 21% de avaliação favorável, segundo o
Datafolha, e 22%, em março, medido pelo Ibope.
O ex-presidente Lula, no mesmo período do 1o mandato, em março de
2003, tinha avaliação positiva de 43%, segundo o Datafolha e 51%
segundo o Ibope. No mesmo período no 2o mandato, em março de 2007,
Lula mantinha a avaliação positiva majoritária, com 48% de
avaliação entre ótimo e bom, segundo o Datafolha, e 49%, segundo o
Ibope.
Em março de 2010, com dois meses de mandato, Dilma tinha 47% de
avaliação ótima/boa, segundo o Datafolha, e alcançava o recorde
para o período, segundo o Ibope, com 56%. Já no segundo mandato,
com dois meses governo, sua aprovação era de 13%, pelo Datafolha.
Qualquer comparação entre o segundo mandato da presidenta Dilma e o
desempenho do governo golpista deve levar em conta o cerco
midiático que sofreu aquele, dentro da estratégia golpista, em
relação ao amplo apoio que este tem tido por parte dos meios de
comunicação.
A avaliação positiva do governo Temer é de 14%, similar à que a
presidente eleita Dilma Rousseff tinha o final de seu mandato –
13%. A avaliação negativa caiu em relação ao último período Dilma,
e um terço da população (31%) avalia Temer como ruim ou péssimo.
Predomina, segundo a pesquisa, a avaliação regular para a maior
parcela, 42%. Há ainda 13% que não souberam ou não quiseram opinar
sobre o governo de Temer, taxa que caiu significativamente desde as
primeiras pesquisas. No entanto, 33% afirmaram não saber o nome do
atual ocupante do cargo de presidente da República (65% sabem que é
Michel Temer).
O governo ilegítimo alçado por um golpe
apoiado pelos setores com mais recursos, como a direita
reacionária, o capital financeiro e com amplo apoio da mídia, obtém
na prática resultado efetivo semelhante ao que o governo usurpado
tinha. Os problemas que o governo legítimo enfrentava e se
preparava para enfrentar, como a recessão econômica, o desemprego e
a alta taxa de juros, o governo golpista não tem estratégias para
vencer e, segundo os economistas, só serão dissipados a partir de
2017.
O apoio ao impeachment, que antes da votação na Câmara, em março de
2016, era de 68%, caiu até agora 10 pontos percentuais, para os
atuais 58% a favor do afastamento definitivo da presidenta Dilma
Rousseff. A despeito da queda do apoio, cresce a perspectiva de que
a presidenta Dilma venha a ser afastada de fato, e o golpe se
consolide (de 43%, em abril, para atuais 71%).
Um golpe que tem como seu conteúdo uma lista de ministros
envolvidos em corrupção, investigados pela Lava-Jato ou que tentam
obstruir sua investigação; expectativa de aumento impostos; cortes
em gastos sociais como o SUS, Fies, Minha Casa Minha Vida;
promessas de reformas da Previdência Social, com redução de
direitos trabalhistas e aumento da idade mínima para aposentadoria;
e privatizações de setores públicos considerados estratégicos como
a Petrobras, Caixa, companhias de energia e o setor aéreo revelam a
quem serve o golpe. Temer tem aprovação acima da média entre os
mais ricos (23%), entre os que têm preferência partidária pelo PSDB
(38%), até maior do que entre os que preferem o partido do vice
interino Temer, PMDB (27%). Já entre os simpatizantes do PT, a
reprovação ao peemedebista chega a 45%.
A pesquisa do Datafolha foi duramente criticada e acusada de
cometer fraude jornalística e manipular dados para tentar alavancar
a popularidade de Temer, ao afirmar em manchetes que 50% da
população seria a favor da permanência do usurpador no mandato, ao
não colocar em sua pergunta a alternativa de novas eleições.
Contatado por Glenn Greenwald, jornalista do veículo britânico
Intercept, o Datafolha afirmou que foi a Folha, e não o instituto
de pesquisa, quem estabeleceu as perguntas a serem colocadas.
Reconheceu o aspecto enganoso na afirmação de que 3% dos
brasileiros querem novas eleições, já que essa pergunta não foi
feita aos entrevistados e que alegar que 50% dos brasileiros querem
Temer como presidente seria impreciso. A pesquisa também mediu o
desempenho do presidente interino Michel Temer por meio de nota de
zero a dez e a média obtida foi quatro. Quanto ao principal
problema do país, a corrupção continua despontando no ranking,
ainda que tenha caído cinco pontos percentuais (de 37% para 32%) em
relação à última rodada, em março. A saúde manteve-se em segundo,
com a mesma taxa (17%), empatando com o desemprego, que oscilou
dois pontos para cima, de 14% para 16%, enquanto principal problema
do país.
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