segunda-feira, 25 de agosto de 2014

PADILHA GOVERNADOR ENTREVISTA NO JORNAL A CIDADE


Com a palavra, Padilha. Candidato do PT abre sabatinas promovidas pelo A Cidade

24/08/2014 - 16:50 Jornal A Cidade - Marcelo Fontes

A Cidade traz hoje a primeira sabatina com os candidatos ao governo de São Paulo e à presidência da república. Os principais nomes que concorrem nas eleições de outubro foram convidados pelo jornal. A série de entrevistas começa com Alexandre Padilha (PT), que recebeu o A Cidade em São Paulo, no dia 12 de agosto. O petista falou sobre o Aquífero Guarani, a criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto e também sobre o Leite Lopes, que ele defende que seja leiloado.
Candidato: Alexandre Padilha
Idade: 43 anos
Partido: PT
Coligação: Para mudar de verdade
Partidos: PT, PCdoB e PR
Trajetória: Médico, especializado em Infectologia pela USP, ele trocou a estabilidade de um emprego via concurso no Hospital das Clínicas pela ousadia de criar e coordenar um núcleo da USP na região amazônica. Alexandre Padilha tornou-se ministro das Relações Institucionais com apenas 38 anos. Depois, ele nomeado ministro da Saúde pela presidenta Dilma Rousseff. O principal projeto dele foi o Mais Médicos, principal bandeira de sua candidatura.


A saúde aparece nas pesquisas como uma das duas principais angústias do eleitorado paulista. O que o senhor pode, como governador, fazer nesta área?
Alexandre Padilha: Em pouco tempo que fui ministro da presidente Dilma nós fizemos o que só o Ministério da Saúde poderia fazer e que nunca tinha sido feito. Só o Ministério pode mudar a regra e atrair médicos de outros países para atender 10 milhões de paulista que não tinham médicos em seus postos de saúde. Em um ano passaram a ter com o Programa Mais Médicos. Mudamos as regras para abrir mais vagas de formação de médico especialistas, como vai acontecer no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e nas Santa Casas de Ribeirão Preto e Araraquara. Só o Ministério da Saúde para fazer parcerias na área privada para dar medicamento de graça nas farmácias populares. Saímos de menos de 2 milhões de usuários para 19 milhões em pouco mais de três anos. O Ministério da Saúde mudou a regra da vacinação para fazer com que a vacina do HPV fosse gratuita na rede pública. Quero ser governador porque é o Estado o responsável pelo gerenciamento dos hospitais e pela organização regional do serviço. Quero mudar isso e levar médicos especialistas mais próximos de todas as regiões, descentralizando o atendimento no estado de São Paulo. Isso é fundamental para o segundo passo, que é acabar com o problema das filas pelo atendimento de especialidades. Nós temos duas grandes prioridades. Faremos o Mais Médicos Especialistas. São ações que vão permitir que os especialistas estejam mais próximos das pessoas do interior. Faremos parcerias com clínicas privadas. Vamos criar a Rede Saúde 3 em 1. Temos filas de exames e cirurgias. Teremos no mesmo local atendimento especializado, exames e cirurgias.
Outra angústia do eleitorado de São Paulo em geral, e Araraquara e Ribeirão em específico, é o crescimento dos índices de criminalidade no Interior. O que pode ser feito?
Quem vive em São Paulo, seja nas regiões metropolitanas, nas cidades grandes como Ribeirão Preto e Araraquara e nas cidades menores, a sensação de insegurança. Reina a sensação da impunidade hoje em relação ao crime. A impunidade começa porque menos dos 5% dos crimes em São Paulo são esclarecidos. Faltam condições aos policiais, falta de organização das policiais, timidez na parceria com o judiciário para esclarecimentos e também a punição. 30% das penas dos presos são provisórias, ou seja, o julgamento ainda não foi concluído. Os poucos bandidos presos tomaram conta das penitenciárias. A sensação de impunidade continua. Eles usam celulares e organizam as ações criminosas dentro da cadeia. Eu quero criar uma força de paulista de segurança para dar um salto na segurança pública. Essa força vai e integrar as polícias. Hoje temos Polícia Militar, a Civil e a Científica, as guardas municipais, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal. Durante 20 anos, o governo do PSDB foi incapaz de integrar os bancos de dados. O policial militar não tem acesso a todas informações que a polícia civil está produzindo. Isso é fundamental para uma abordagem na rua para saber quais são os processos da Polícia Civil. O contrário também, da Polícia Civil poder agir mais rápido e com isso reduzir os crimes. Essa força paulista de segurança vai integrar o papel dessas polícias. Vai funcionar no mesmo lugar, com centro de comando e controle integrados.
O senhor tem batido muito na questão do Sistema Cantareira, e o colapso no abastecimento no Estado, como uma tentativa de fragilizar o governo do PSDB. Pelas recentes pesquisas, ele parece não estar sofrendo o desgaste pretendido. A questão ainda não sensibiliza o eleitorado?
O tema da água é tão grave para o desenvolvimento de São Paulo para vida das famílias, para o produtor rural que precisa plantar e expandir a cultura, para o funcionamento das escolas e dos hospitais que eu falo deste tema independente do período eleitoral. Desde 2004, quando teve a renovação da outorga do Cantareira, o PT vem apontando junto com o Comitê de Bacias de Piracicaba/Capivari/Jundiaí que São Paulo precisava realizar um conjunto de obras para reduzir a dependência que as regiões de São Paulo e de Campinas têm do sistema Cantareira para não viver uma situação crítica. Você tem racionamento na região de Campinas desde dezembro, racionamento na cidade de Guarulhos desde fevereiro, vários bairros de São Paulo recebendo vento encanado, vários bairros da região de Osasco, empregos não sendo gerados, suspensão de investimento de indústrias porque não tem garantia de água. Nós temos o Programa Água Dia e Noite. É um conjunto de soluções integradas que podem ser realizadas durante os quatro anos do nosso governo para que São Paulo saia dessa situação de crise de oferta água. Primeiro eixo é realizar as obras que há 10 anos foram listadas como importantes para o governo do estado e não foram realizadas. As obras incluem ampliação da capacidade dos reservatórios como o de Taiçupeba, uma pequena obra de limpeza da vegetação aumenta a capacidade de reservação. Tem obra de construção de reservatórios na região de Campinas, obras de interligações de reservatórios já existentes como o Sistema Bilins, obra para ampliar a capacidade tratamento do sistema de reservatórios que nós já temos e obras de substituição dos equipamentos que nós temos. Hoje 32% da água tratada se perde no caminho entre o tratamento e a casa das pessoas. Ou seja, fazemos um investimento enorme e essa água se perde sem ser consumida. No segundo eixo é de soluções inovadoras. Vamos reestruturar a área técnica da Sabesp. Para que a gente possa adotar tecnologias inovadoras de irrigação que aumenta a produção na área rural, com consumo racional. Tecnologias de reuso.
Quais as propostas para a preservação do Aquífero Guarani?
O terceiro eixo é o de proteção aos nossos mananciais e o Aquífero Guarani é um exemplo. Vários estudos mostram que ano a ano se aprofunda o ponto de captação de água, tanto em Ribeirão Preto como em São José do Rio Preto. Em Rio Preto a situação é mais grave porque o ponto de captação é mais profundo. Na Argentina é preciso perfurar quase 100 metros para captar a água do Guarani. Não quero que chegue a esse ponto. A cidade de Ribeirão Preto vive esse problema, por isso nós temos que ter a reorganização dos órgãos de proteção, como, por exemplo, o DAEE.
É possível criar a Região Metropolitana de Ribeirão Preto?
Eu defendo que se crie um conjunto de regiões metropolitanas no interior do nosso estado agora. Não faça o que foi feito com Sorocaba e com o Vale do Paraíba que esperou quase uma década para criar a região metropolitana e isso criou um crescimento não ordenado e hoje você tem que buscar resolver problemas que foram criados pela não criação dessas regiões metropolitanas. Eu defendo não só de Ribeirão Preto, como em São José do Rio Preto. Essas cidades são polos com outras cidades se conurbando. A gente precocemente deve transformar em região metropolitana. Isso permite, por exemplo, que se planeje um sistema de transporte. Hoje várias pessoas moram ao redor de Ribeirão Preto e trabalham em Ribeirão Preto. Permite que se cuide do tema do lixo, o tema ambiental e a organizar melhor a expansão da habitação popular. Sou favorável a pensarmos em criar o mais rápido possível para evitar o que ocorreu no Vale do Paraíba.
Como reverter o baixo desempenho do senhor nas pesquisas de intenção de voto?
Estamos tranquilos porque o crescimento está dentro do planejado e do esperado. Tenho certeza que estaremos no segundo turno. É a primeira vez que o atual governador disputa uma eleição sem o maior tempo de TV. O Maior tempo de TV é de candidaturas da oposição. No tempo que temos vamos deixar claro que nós representamos a mudança de verdade no estado. Temos o compromisso de acabar com a aprovação automática nas escolas. Hoje os nossos alunos eles ganham nota para passar de ano, mas não ganham aprendizado para enfrentar a vida. Na hora de arrumar um emprego é preciso ler o manual de uma máquina, saber fazer uma conta, para poder entrar em uma faculdade ou em uma escola técnica. Nós vamos retomar investimentos em hidrovias e em trens de cargas e de passageiros e para o metro da Capital. Vamos fazer aquilo que o governo federal fez nos aeroportos que foram organizados para a Copa. Temos a única candidatura que defende desde o começo as cotas nas universidades públicas para alunos da rede pública e para os negros. Temos a proposta de levar uma escola técnica do estado aonde o PSDB construiu presídios, para se apostar na juventude. Quando começar os programas de TV e as entrevistas a população vai se dando conta das candidaturas e isso nos deixa otimista em estar no segundo turno.
Quando Dilma diz que tem dois palanques em São Paulo, referindo-se à candidatura de Skaf, não acaba ‘rifando’ a candidatura do senhor?
A própria vida está mostrando quem está com a Dilma e com quem a Dilma está. As primeiras atividades da eleição já mostram isso. Eu tenho orgulho de dizer que fui ministro do governo Dilma durante três anos. Junto com ela criamos a vacina do HPV para as meninas, o Mais Médicos, ampliamos as vagas de formação de especialistas, inclusive na cidade de Ribeirão Preto, de Araraquara e de São Carlos. Junto com ela retomamos a produção de medicamentos modernos na indústria nacional. Então tenho muito orgulho de falar que fui ministro da Dilma e de ter sido ministro do presidente Lula e demonstrar o legado do Lula e da Dilma para o estado de São Paulo. Uma coisa que pouca gente sabe é que eu era Ministro de Coordenação de Governo quando nós concluímos a provação do Super Simples, que reduz impostos para quem tem micro e pequenas empresas. O atual governo do estado de São Paulo tem a postura de discriminar a pequena e micro empresa aplicando a chamada substituição tributária, ou seja, aumentava o ICMS. A presidente Dilma foi para o Congresso e conseguiu aprovar agora e sancionou no dia 7 de agosto projeto que protege o Super Simples de qualquer política de substituição tributária por parte do Governo de São Paulo. Por isso tenho muito orgulho de defender isso que a presidente Dilma fez, que protege quem quer ser empreendedor no nossa estado, que é a característica do povo paulista.
O setor sucroalcooleiro está muito refratário ao PT e se diz em uma crise sem precedentes. Como resgatar a confiança deste empresariado?
Eu fui Ministro do presidente Lula no momento que o setor sucroalcooleiro mais cresceu no Brasil. O setor passou a ser respeitado, quando passou fazer parte da nossa política externa. O presidente Lula divulgou o setor para o Mundo. Na época eu coordenava o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social. Maurílio Biagi, que todo mundo conhece em Ribeirão Preto, fazia parte deste Conselho. No grupo a gente discutia as propostas do setor energético. Eu tenho a convicção de que o setor sucroalcooleiro faz parte da matriz energética do Brasil. São Paulo tem o privilégio de ter 60% deste setor. Está na liderança de produção açúcar e de etanol. Está na ponta na produção de bioenergia. Aqui em São Paulo está quem pesquisa, estão os empresários que investem e a capacidade de mobilizar. O estado tem que ser o líder disso. Nos debates do pré-sal você via os governadores do Rio de Janeiro e Espirito Santo, nos debates sobre mineração, os governadores de Minas Gerais e Pará iam para Brasília. Quando tinha discussão sobre cana, os governadores de Alagoas e de Pernambuco iam. Agora, eu nunca vi o governador de São Paulo exercer uma liderança política que só o estado pode ter para defesa do setor sucroenergético. Quero ser governador para defender tudo que é interesse de São Paulo. Nós precisamos discutir soluções emergenciais que passam pelo equilíbrio do preço da gasolina, pelo aumento do etanol na composição dos combustíveis para estimular a demanda no setor. Temos que dar um passo além, que é a discussão estratégica de como transformar o setor sucroalcooleiro em uma nova matriz energética do País. Isso significa aproveitar o potencial do estado de São Paulo. Porque tudo está em São Paulo: a terra, o produtor, a indústria automobilística e o mercado consumidor.
Como resolver a questão da ampliação do Aeroporto Leite Lopes, em Ribeirão Preto?
A marca desses 20 anos do governo do PSDB é anunciar e não executar as obras. Assim como ele anunciou que iria ampliar o Aeroporto Leite Lopes, ele anunciou que bloquear celulares nas penitenciarias, que iria entregar 30 quilômetros de metrô e entregou menos de 10, que ia concluir um conjunto de obras no estado de São Paulo e não concluiu. Distribui placas, mas a obra não acontece. Eu quero utilizar o mesmo mecanismo que o governo federal usou para concluir os aeroportos como Guarulhos e Viracopos. Quero usar esse mesmo mecanismo para expandir os aeroportos regionais, como é o caso em Ribeirão Preto. Ribeirão Preto é um grande polo de transporte de passageiros porque é uma região extremamente rica onde as pessoas viajam cada vez mais e pode ter um papel importante também no transporte de cargas.

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